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terça-feira, 26 de maio de 2020

Campanha por mais Domingas!

QUE SAUDADES DA DOMINGAS!              Domingas era uma negra, linda daquelas que se diria retinta; tal era o tom de negritude da sua pele, parecia um veludo, lábios finos e e muito vermelho, parecia estar de batom; os cabelos muito arrumados e presos a nuca em um birote enrolado como uma banana. Ela era simples no falar e no andar, mas ao mesmo tempo era uma dama, muito educada bem vestida; era até um contraste a sua classe, e a pequena marmita que trazia na bolsa. Trabalhou por anos na oficina de costura da minha mãe, tornousse da família; quando uma dia pediu para deixar o trabalho, chorei, amava a domingas! Mas porque me lembrei de Domingas? É que neste tempos de epidemia tenho visto tanto sofrimento na tv, caixões e tudo mais; e tanta gente minimizando e escarnecendo disto; que me lembrei da doce Domingas, que sofreu muito na vida, trabalhou no canavial, perdeu marido, filho e se manteve; uma mistura de docilidade e fortaleza. Esta Domingas  no ano de 1974, eu estava assistindo a tv quando o jornalismo avisou, que o Edificio joelma, no centro de São Paulo, ardia em chamas. Corri e chamei a familia! Domingas veio junto. Cenas horríveis, pessoas se atirando pela janela, corpos, padres dando estremunção, um horror! Domingas, sensíevel passou mal, tirou seu terço orou, pediu para ir pra casa, nao tinha mais condiçoes de trabalhar naquele dia. No dia segúnte, nao, pode trabalhar, ficou doente pelo ocorrido. voltou um dia depois, palida e ainda triste e trabalhou o dia todo em silêncio, um silêncio de doer no coração.                                        Então, estas pessoas gritando xigando e rindo, diante desta tragédia mundial, muito maior que a do Edificio joelma, me fez pensar que o Brasil esta precisando de pessoas como a Domingas, que até adoeceu ao ver o sofrimento alheio! Que saudades da Domingas!    Fatima Borges Silva